Foto: Alice Vergueiro |
Totti é repórter veterano. Já cobriu polícia, esporte, internacional, economia e política. Trabalhou na Folha da Tarde, ajudou a fundar a revista Veja, foi assessor de imprensa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e permaneceu no Valor Econômico até 2013. Recebeu o Prêmio Esso de Informação Econômica em 2007, com a reportagem China, o império globalizado. Atualmente, trabalha na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). Totti deu o curso "Como melhorar o texto jornalístico" no Congresso da Abraji. Os cinco principais tópicos apresentados por Totti são:
1. Apurar, apurar e apurar: por melhor que o texto seja, a apuração continua sendo a principal arma de uma reportagem. "Sem apuração, você vai escrever uma crônica, e não uma matéria de jornal, porque vai faltar informação." Totti explica que se o repórter tiver tudo apurado, o material estará perfeito, com todos os lados do tema cobertos. Mas informação não é suficiente para um bom texto jornalístico:
2. Criatividade e ousadia: "Sua informação vai ser a mesma que a do seu concorrente. Para as pessoas escolherem o seu texto, ele tem de ser atraente", diz Totti. A dica é observar e estar atento a tudo: ao ambiente, ao contexto, às pessoas; e usar essas informações para dar elegância ao material. "Esses dados, que parecem acessórios, são ótimos para abrir uma matéria de maneira criativa. Mostre o cenário, o passado, as perspectivas que tem de futuro, leve o leitor com você, se não a matéria fica 'xoxa'", comenta Totti. "É o que dá brilho ao texto. A busca pela criatividade tem que ser permanente." Mas então, como perseguir a criatividade?
3. Livros: leitura é a principal matéria-prima da criação. Lendo bons livros, que contem a história do Brasil ou que sejam ótimos exemplos de reportagens, fica cada vez mais fácil colocar ousadia no texto. Totti indica alguns títulos: "para ser um bom repórter no Brasil, você tem de entender o seu País. Leiam Casa-Grande e Senzala, do Gilberto Freyre, que além de contar a história da formação do Brasil, tem uma texto maravilhoso e muito agradável; Raízes do Brasil, do Sérgio Buarque de Holanda, e Formação Econômica do Brasil, do Celso Furtado". Para saborear uma boa reportagem, Totti indica os autores estrangeiros Gay Talese, Tom Wolfe e Truman Capote, e ainda recomenda alguns filmes: "gosto muito do cinema realista italiano e da produção americana até a década de 1980".
4. Relação com fontes e entrevistados: Totti reforça a importância da observação e da percepção do repórter, para notar todas as atitudes de quem está sendo entrevistado. Quanto mais nuances forem captadas na hora da entrevista, mais fácil é deixar o texto com qualidade. E para evitar a influência da fonte no que se está apurando, a dica é não estabelecer nem relações tão próximas nem tão distantes. "A proximidade com a fonte traz muitos interesses e até 'conluios'. A distância extrema atrapalha o acesso às informações."
4. Relação com fontes e entrevistados: Totti reforça a importância da observação e da percepção do repórter, para notar todas as atitudes de quem está sendo entrevistado. Quanto mais nuances forem captadas na hora da entrevista, mais fácil é deixar o texto com qualidade. E para evitar a influência da fonte no que se está apurando, a dica é não estabelecer nem relações tão próximas nem tão distantes. "A proximidade com a fonte traz muitos interesses e até 'conluios'. A distância extrema atrapalha o acesso às informações."
5. Truques de linguagem: outra dica para um bom texto, segundo Totti, é fugir dos vícios de linguagem, como a expressão "a bola da vez" que, no senso comum, significa algo bom e valioso no momento, mas no contexto da sinuca é a bola que deve ser eliminada, encaçapada. Verbos e adjetivos fortes e marcantes também devem ser evitados, mas substantivos próprios podem ser repetidos, em prol da clareza e da precisão. "Quando você trata de dois personagens do mesmo sexo, os pronomes ele e ela vão confundir o leitor. Ele não vai saber de quem você está falando. Então repita o nome". Totti também cita verbos como verberar, explicar e disparar, que indicam que o jornalista já tomou partido da situação. "Prefira sempre o dizer, que é neutro. Pare de usar o gerúndio. O governo não está planejando nem estudando nada. Ele planeja e estuda. Use o presente", indica Totti.
O 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi com o patrocínio do Google, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, Gol, Itaú, Oi, TAM, Twitter e UOL, e apoio da ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Comunique-se, Conspiração, Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil, FAAP, Fórum de Direitos de Acesso à Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center for Journalism in the Americas, OBORÉ Projetos Especiais, Textual e UNESCO. Desde sua 5ª edição, a cobertura oficial é realizada por estudantes do Repórter do Futuro, sob a tutela de coordenadores do Projeto e diretores da Abraji.
O 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi com o patrocínio do Google, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, Gol, Itaú, Oi, TAM, Twitter e UOL, e apoio da ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Comunique-se, Conspiração, Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil, FAAP, Fórum de Direitos de Acesso à Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center for Journalism in the Americas, OBORÉ Projetos Especiais, Textual e UNESCO. Desde sua 5ª edição, a cobertura oficial é realizada por estudantes do Repórter do Futuro, sob a tutela de coordenadores do Projeto e diretores da Abraji.
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