Projeto Repórter do Futuro

O que é o Projeto Repórter do Futuro

De 21 a 25 janeiro de 1991, no dia do aniversário de fundação da cidade de São Paulo, o jornal Diário Popular publicou uma série de reportagens especiais abordando os principais problemas da capital: São Paulo 437 Anos – Cidade x Cidadão.

Esta série especial foi inteiramente desenvolvida por estudantes dos 1º e 2º anos de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), como parte das atividades laboratoriais da disciplina Jornalismo Comunitário, ministrada pelo jornalista e professor Sergio Gomes e por Manoel Carlos Chaparro, professor responsável pelo jornal laboratório do curso, o Jornal do Campus.

A experiência deixou claro os benefícios que o envolvimento dos estudantes com a prática concreta do jornalismo trouxe à sua formação profissional, além de proporcionar ao jornal um pacote de reportagens de qualidade que não faziam parte de sua pauta cotidiana. Afinal, para preparar uma série especial de reportagens sobre a cidade teria sido necessário alocar uma equipe inteira de profissionais – e eles estavam presos à cobertura de outros assuntos do dia a dia. Nesse sentido, o acordo entre a instituição de ensino e a empresa jornalística permitiu, em uma relação ganha-ganha, unir aprendizado profissional e oferta de conteúdo diferenciado aos leitores da publicação. Ganharam os alunos, ganhou o jornal, mas, principalmente, ganhou o cidadão. A série recebeu o reconhecimento do presidente da Câmara Municipal de São Paulo à época, o vereador Arnaldo Madeira.

Essa iniciativa tornou-se o embrião do projeto de complementação universitária Repórter 2000, oferecido pela OBORÉ, pela representação paulista da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Associação dos Cronistas Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Como desdobramento dessa experiência, em 1994 foi criado o projeto Repórter do Futuro, que oferece alternativas de autodesenvolvimento a estudantes que desejam efetivamente ser bons jornalistas – isto é, aprofundar o conhecimento sobre a atividade que é a alma da profissão: a reportagem.

Oferecido a cada semestre para, no máximo, 32 alunos por turma, o Repórter do Futuro é uma das três frentes do Núcleo de Cursos da OBORÉ, ao lado de “Capacitação de Comunicadores” (voltado a comunicadores populares) e “Capacitação de Profissionais” (promovendo encontros e palestras para profissionais em geral). Os cursos são gratuitos e, para realizá-los, a OBORÉ faz parcerias com instituições que acreditam na importância desta proposta. Com as parceiras, é modulado o conteúdo do curso, com temáticas relevantes para a formação de profissionais da comunicação.


METODOLOGIA

Nestes 20 anos, o Repórter do Futuro desenvolveu uma metodologia própria através de Palestras e Conferências de Imprensa seguidas de Entrevistas Coletivas. Ao final, há sempre a proposta de produção jornalística (impressa, radiofônica, televisiva ou multimídia), com foco na prática reflexiva de cada participante – e não simplesmente na aplicação de técnicas.

Para medir o empenho real de cada participante, o projeto considera o critério da “Reembolsa”: os alunos se comprometem a pagar o curso ao se inscreverem, mas, se assistirem a todas as aulas, participarem de, ao menos, um atendimento individual com um dos coordenadores pedagógicos, produzirem todas as matérias solicitadas e conseguirem publicar ao menos uma delas, em qualquer veículo de comunicação que tenha um editor responsável, recebem o dinheiro de volta.

Na última década, a média de inscrições nos cursos tem sido de 200 estudantes por módulo – geralmente disputando 25 vagas. Invariavelmente, as Reembolsas efetuadas superam 90%.


MÓDULOS

Contando com o apoio das coordenações pedagógicas das principais universidades e faculdades de jornalismo da cidade de São Paulo, de organizações expressivas da sociedade civil, de profissionais de ponta do jornalismo e a participação de lideranças comunitárias, gestores públicos, autoridades e personalidades da vida social, o Repórter do Futuro contribuiu com a formação de cerca de 700 jovens em seus 20 anos de vida, estudantes principalmente do curso de jornalismo, todos da graduação.

Eles participaram de quatro módulos principais, que são oferecidos regularmente:


Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter

Curso realizado desde 2007 conjuntamente com a ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, com o apoio do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx), Forca Aérea Brasileira (FAB), Cátedra UNESCO de Comunicação, CNU – Canal Universitário de São Paulo, TV USP e Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Sinpro/SP).

Especialistas, militares e estudiosos ministram conferências de imprensa e concedem entrevistas coletivas sobre os mais diversos temas que cerceiam a Amazônia, como mudanças climáticas, conflitos agrários, direitos indígenas e políticas ambientais.


Viagem de Estudos e Reportagens à Amazônia

Como desdobramento do módulo “Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter”, a OBORÉ, o IEA– Instituto de Estudos Avançados da USP e a ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo em parceria com o Projeto Formadores de Opinião do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) promovem, também desde 2007, uma viagem à Amazônia para os estudantes que se destacaram durante o curso.

O objetivo é que jovens jornalistas, após terem assistido a conferências e terem realizado entrevistas com os mais diversos especialistas sobre a região amazônica, conheçam de perto a realidade do local e a partir desta experiência produzam reportagens.


Jornalismo em situações de conflito armado e outras situações de violência

Curso realizado desde 2001, em parceria com o CICV – Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e apoio da Cátedra UNESCO de Comunicação e Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro/SP).

Juristas, militares, policiais e jornalistas ministram conferências de imprensa e concedem entrevistas coletivas sobre as normas internacionais aplicáveis em situações de conflito armado e outras situações de violência e o trabalho da imprensa nestes contextos. Além disso, é apresentado o perfil da ação humanitária do CICV em cerca de 80 países.


Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter

Criado em 2003, é realizado em conjunto com a Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, a ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro/SP), com o apoio do SINPRO e Cátedra UNESCO de Comunicação.

A partir de conferências e coletivas com especialistas, vereadores e jornalistas, promove a investigação dos principais problemas da cidade de São Paulo: Desenvolvimento Sustentável; Educação; Emprego e Renda (Trabalho); Habitação; Meio Ambiente, Lixo e Saneamento Básico; Saúde; Segurança Pública e Violência; Transporte e Mobilidade. Em 2013, o curso se concentra nas discussões acerca do Plano Diretor Estratégico da capital paulista.


Cobertura do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Nos cinco últimos congressos internacionais de jornalismo investigativo, promovidos pela ABRAJI, os participantes dos diversos módulos do Projeto Repórter do Futuro têm ido a campo realizar a cobertura do evento, alimentando em tempo real o site oficial que apresenta o conteúdo das apresentações. A atividade é acompanhada de perto por um time de jornalistas e professores, que estimulam e orientam os jovens repórteres nas diversas etapas de produção das notícias.


Curso de Informação sobre Jornalismo e Direitos Humanos


O Curso de Informação sobre Jornalismo e Direitos Humanos é promovido pela Conectas Direitos Humanos em parceria com a Oboré Projetos Especiais, IPFD - Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas Sociais e Abraji - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Na primeira edição, realizada entre setembro e novembro de 2014, os estudantes selecionados participaram de palestras e entrevistas coletivas temáticas sobre direito penal e sistema carcerário, política externa brasileira, empresas e direitos humanos e sistema internacional de direitos humanos.


Curso Direito de Defesa e Cobertura Criminal

Módulo promovido pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela OBORÉ, com o apoio do Centro Acadêmico XI de Agosto.

A primeira edição do módulo aconteceu 
de 16 de maio a 13 de junho de 2015 e teve como objetivo apresentar a estudantes de jornalismo conceitos básicos que fundamentam o sistema criminal brasileiro e destacar a importância do direito de defesa no processo penal.

APOIOS

O Projeto Repórter do Futuro conta com cotas de patrocínio, por módulo, do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro/SP), ABRAJI, Rede Nossa São Paulo e Premier Hospital/Grupo MAIS e com apoiadores institucionais, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Cátedra UNESCO de Comunicação, o IPFD – Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais, o Canal Universitário de São Paulo (através da TV Mackenzie e da TV USP), NH Photos, KBR TEC Soluções Online e coordenações dos cursos de jornalismo da Universidade de São Paulo (USP), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade Cásper Líbero e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e as revistas Samuel, Caros Amigos e Brasil Atual.